terça-feira, 7 de outubro de 2008

Sem título

A cada dia que passa, tenho a percepção de que caminhamos para o isolamento, para uma sociedade centrada no eu. Dia após dia, produtos são disponibilizados para pessoas que vivem sozinhas: a indústria de congelados é um sintoma desta solidão inerente à sociedade moderna. Tem coisa mais solitária que não dividir a mesa com alguém?

Aliás, pouco se divide em nossos tempos: raramente alguém divide o seu tempo com outra pessoa. Todos têm pressa. Ou falta de tempo, mesmo que esse seja uma questão de preferência (como já disse Antoine de Saint-Exupéry). Vez ou outra encontramos um ouvinte, uma pessoa para quem possamos falar todas aquelas bobagens que são tão peculiares a nós. Geralmente as pessoas não estão 'toda ouvidos', basta que olhemos para elas: estão sempre com um fone de ouvido, para evitar qualquer tipo de contato. Apropriando-me de Adriana Calcanhoto, estão sempre com "uma segunda pele, uma casca, uma cápsula protetora".